quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A perdida arte de servir


A disponibilidade em servir está desaparecendo, a menos que você tenha em mente o "sirva-se a si mesmo", isto é: procure, pegue, leve para casa e faça você mesmo. Até, mesmo na igreja, a idéia de ajudar o próximo perde terreno. A PERDIDA ARTE DE SERVIR
No mercado de trabalho e por toda a parte, nossa geração vem testemunhando um declínio alarmante na arte de servir. A antiga idéia de serviço era que se fizesse algo em prol de outra pessoa, a fim de ajudá-la.
Em nossos dias, nesta era do "sirva-se a si mesmo", a ênfase recai sobre redução dos custos de mão-de-obra a fim de não diminuir o lucro. Nos supermercados, nos centros de lojas e no comércio em geral é cada vez mais difícil encontrar alguém que conheça os produtos que vende e nos explique suas qualidades.
A disponibilidade em servir está desaparecendo, a menos que você tenha em mente o "sirva-se a si mesmo", isto é: procure, pegue, leve para casa e faça você mesmo. Até, mesmo na igreja, a idéia de ajudar o próximo perde terreno. Aos domingos vamos a um culto na igreja, onde nos sentamos e usufruímos de uma boa seleção de hinos, orações e mensagem, em ambiente amistoso e simpático. Quanto melhor nos sentirmos, depois de umas duas horas mais ou menos, melhor é nossa opinião a respeito do culto.
Só pequena minoria faz mais do que se sentar e ouvir. Alguns julgam que "já serviram a Deus" só pelo fato de estar lá, quando, na verdade, nós é que fomos servidos pelo pregador. Em contraste, o Senhor Jesus veio não para ser servido, mas para servir (Marcos 10:45).
O espírito de serviço em ação é o transbordamento da vida cristã em prol do próximo, assim como o culto é o transbordamento da vida cristã na direção de Deus. Ambos começam no próprio Deus. Quando cultuamos a Deus, estamos reagindo à divindade em função de quem é o Senhor, e do que Ele faz. Ficamos maravilhados com Seus atributos infinitos, e com Sua obra.
Assim é que o culto se torna nossa expressão de gratidão e nosso louvor, porque conseguimos vislumbrar a glória do Senhor. Talvez cantemos, talvez oremos, talvez permaneçamos em humilde silêncio, enquanto nos inclinamos diante d´Ele. Essa é a reação vertical do homem diante de seu Criador.
Maravilhados diante do amor de Deus, e em face à redenção que nos transferiu do reino das trevas para o Reino de Seu Filho amado, expressamos nosso amor ao alcançar horizontalmente nosso próximo (Colossenses 1: 13-14). "Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro" (1 João 4:19). Espírito de serviço é obediência, disposição e gratidão a Deus, ao expressarmo-nos em atos de amor às pessoas.
Assim exortava o apóstolo Paulo: "Não atente cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros ... haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus que ... tomando a forma de servo ... humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte" (Filipenses 2: 4-8). Cristo Jesus, o Servo, sofreu para nosso benefício, sendo obediente até à morte na cruz.
Por que o espírito de serviço é tão desprezado?
O espírito de serviço, segundo a Bíblia, opõe-se de modo radical aos valores do mundo, O mundo nos oferece uma atmosfera onde se desenvolvem interesses egoístas; é um lugar de prazer, em que se busca a satisfação dos cinco sentidos. No mundo há oportunidade para adquirirmos coisas materiais que nos atraem de forma tentadora: roupas, carros e produtos de consumo. Oferece-nos, também, a oportunidade para aumentar nossa autoridade pessoal, "avançar na vida".
A palavra usada no Novo Testamento para mundo é "kosmos", primordialmente significa ordem, disposição, adorno, beleza. É a "condição atual dos assuntos humanos, a oposição a Deus e a alienação de Deus". "O senhor deste mundo" é o próprio Satanás (João 12:31; 14:30; 16:11), que também é chamado de "príncipe das potestades do ar" (Efésios 2:2). "Ar significa aquela esfera onde vivem os habitantes do mundo... e que constitui o seu trono de autoridade".
Satanás é o senhor daqueles que andam "segundo o curso deste mundo" (Efésios 2: 2). O espírito de serviço cristão opõe-se aos valores do sistema do mundo. "Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele" (1 João 2:15). Os dois "amores" mencionados neste versículo opõem- se entre si. O "amor do mundo" é uma cobiça que busca o que mundo tem para oferecer: prazer pessoal, possessões materiais, auto-exaltação. Tais coisas são descritas nesta passagem como "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" (1 João 2: 16). O crente que ama a Deus deve rejeitar este falso sistema de valores.
Prossegue o apóstolo João afirmando que tudo quanto nos interessa neste mundo há de passar (1 João 2:16,17). Nada é permanente. Os servos segundo a Bíblia não desperdiçam suas energias esforçando-se "pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna" (João 6: 27).
Outra razão pela qual o espírito de serviço é desprezado é que ele se opõe aos "nossos direitos". Fomos educados crendo que nossos direitos à saúde, à riqueza material e à felicidade são inalienáveis, isto é, não nos podem ser tirados, nem transferidos - eles nos são garantidos por lei. As guerras acontecem por causa de direitos.
No entanto, o crente precisa aprender a distinguir a diferença entre seus direitos como cidadão nacional e seus direitos como cidadão do Reino dos Céus. No Reino dos Céus ele é um servo, um simples escravo. Que direitos possui um escravo? Salário, relacionamentos, tempo livre, autoridade, escolhas próprias? Nada disso. O escravo não tem direitos, nenhum direito. Ele depende totalmente das boas graças de seu senhor.
Em termos humanos, o senhor poderia ser cruel no caso em que a situação fosse intolerável. No Reino de Deus, entretanto, o Senhor dos escravos é o próprio Deus, cheio de graça, que trata seus servos com amor, que deseja sempre o melhor para eles, e tudo faz nesse sentido. Seus servos O amam, e gostam muito de servir a Ele. Todavia, sendo servos, reconhecem que Ele é Senhor, e que a Ele cabem todas as decisões. Não têm direitos próprios, senão os de agradar e obedecer a Seu Senhor. Ao agir assim, estão assumindo o lugar ocupado por Jesus, quando este tomou a "forma de servo" (Filipenses 2:7).
"FÉ É SABER QUE NO FUNDO DO POÇO HÁ UMA ESCADA QUE LEVA À SUPERFÍCIE"

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